Os estranhos 'mas'

Quase dispensei um projeto em Marabá/PA. A cidade parece ser muito linda, com lugares maravilhosos e tudo mais. Mas é também o único lugar no Brasil que não sinto a menor vontade de visitar. De tanto aparecer nos jornais com assassinatos bárbaros e a total inércia dos órgãos públicos, pra mim, Marabá é como um presídio a céu aberto. Bandidos fazem o que querem, mandam e desmandam e nada acontece. Como poderia me sentir segura num lugar assim? O coordenador ainda replicou "mas você vive no Rio de Janeiro, que é dominado por traficantes e tem governantes comandados pelos figurões do tráfico. Aí é mais perigoso que aqui, não tem diferença aí de zona rural e zona urbana, é tudo deles. Aqui, o perigo é na zona rural, briga de terras, desmatamento, coisa simples." Pensei comigo: "coisa simples?". Respondi: "Realmente, aqui não tem diferença entre zona urbana e zona rural, o perigo mora em todo canto MAS aqui, os bandidos acabam presos ou mortos em guerras por pontos de venda de drogas. Além do mais, os nossos bandidos mais inteligentes já aprenderam a usar a internet pra obter lucro e se organizaram até para entregas a domicílio, com a maior discrição." Depois fiquei pensando no absurdo dessa conversa; bandido é bandido, em qualquer circunstância, local e situação. Não tem essa de bando daqui ser mais manso ou menos perigoso que os de lá. Comentei isso com o coordenador e ele riu, concordando comigo. Acabei aceitando o projeto e vamos acertar um dia pra eu poder visitar o espaço em Marabá, na zona urbana. Por autopreservação pedi que batesse fotos aleatórias nas ruas para eu ver como o povo se veste no dia a dia porque não quero ficar parecendo 'turista'. Coisa de carioca. :)


II

Virei fã de Kevin Slavin, especialista em algoritmos. Palavras dele:
"Estamos escrevendo coisas que não podemos mais ler."
"Nós criamos algo ilegível e perdemos a noção do que realmente está acontecendo no mundo que criamos".

Slavin afirma que, na medida em que os códigos matemáticos se tornam mais sofisticados, eles se infiltram até mesmo em nossas preferências e decidem que produtos culturais estarão disponíveis para nós. Para Slavin, na medida em que os algoritmos expandem sua influência para além das máquinas, é chegada a hora de saber exatamente o que eles sabem e se ainda há tempo de domá-los. (matéria da BBC)

Minha dúvida é: saberemos domá-los?

Bjs carinhosos

Nenhum comentário: