O tempo não para


É preciso ficar alguns dias distante do centro das coisas e da rotina das notícias para perceber o quão automática e rápida é a expressão "o tempo não para". Após dias impossibilitada do acesso à BBC, Estadão, JB, Agência Brasil, Agência Rio, Reuters e canais de notícias da Câmara e Senado, recebo com pesar o falecimento de Ivan Lessa. Lessa, para mim, não lembra Pasquim; lembra o às vezes insuportável e o às vezes adorável colunista do BBC Brasil. Essa figura conseguia, de um jeito meio cínico e meio insosso, e também meio lógico e meio sensato, me tirar do sério de tanta raiva ao mesmo tempo em que o aplaudia de pé. Eu tentava não ler as colunas, passar batida, ignorar, não querer... Mas lá estava ele me chamando, apitando nos meus olhos - Lessa era irresistível, uma sedução on-line.

Dando uma geral nas notícias sobre, vejo um Lessa completamente diferente do que eu conhecia. O descrevem tão nostálgico, tão preso ao passado do Rio e nada sobre a audácia crônica. Ele era um desbravador da crônica e, talvez eu seja a única a vê-lo assim por não ter a influência da imagem dele como um "carioca londrino" - Lessa era o Lessa - somente ele; sem rótulos, sem alertas do Ministério da Saúde como vemos em propagandas de cigarros ou álcool. Personalidade própria, estilo único e um grande cronista crítico adocicado. Isso! Encontrei a definição certa para o "meu" Lessa: agridoce - um agridoce paradoxical. Sendo a única a vê-lo fora dos rótulos, sinto-me especialmente honrada pelo próprio, pois ele era bem mais do que dizem os artigos do "quando o conheci" ou "quando o vi". Será terrível chegar ao site da BBC e não ter mais o apito me berrando aos olhos mas o tempo não para...

Sete é meu número de sorte, adoro esse número. Lessa se foi aos 77 anos. Não leva a nada mas achei interessante - até na passagem conseguiu me seduzir.

Folheando a internet, tomo conhecimento de que os pinguins foram considerados depravados por um cientista inglês - a um século atrás. A matéria serviu para aliviar a perda do Lessa e vi-me imaginando acompanhando ao vivo as observações de George Murray Levick. Imagino a cara de espanto ao estudar os pinguins e o autocontrole que exercia para, como cientista, não esconder nada do que via. Imagino as noites pensando na depravação dos pinguins e os calores sexuais que ele deve ter sentido ao tentar traçar o paralelo entre pinguins e humanos - nada tão diferente dos dias atuais mas que, a um século atrás -, causavam (mais, bem mais) escândalos homéricos. Emendo num Charles Darwin, renascendo nos tempos de agora e tento adivinhar quais mudanças ele faria na sua Teoria da Evolução das Espécies - não, não consigo imaginar. Darwin me deixava matutando horrores nas aulas de Biologia com a afirmativa de que,  o que se usa se desenvolve mais e o que não usamos se atrofia. Eu pensava nas "moças de vida fácil" e nos malandros da boemia. Teriam eles órgãos sexuais imensos? Com certeza, creio ter tido aulas de Biologia cedo demais para minha mente geminiana. Ou talvez, não. Talvez, por esta dúvida, pelo desenvolvimento do que se usa mais, eu tenha encontrado a tempos a resposta certa para explicar porque as mulheres têm tendência a se envolverem com os galinhas. Ou não, né Caetano?

O Sérgio Cabral... Não tem nenhum nome de coragem para enfrentá-lo? A que tipo de gente estará entregue o governo do meu Rio? Vão ou não vão colocá-lo no interrogartório (que seria o lógico)? O julgamento do Mensalão de Lula, sai ou não sai? A contento da população ou a contento da banda podre do Brasil?

A música é, com certeza, uma necessidade humana, muito mais do que arte - é algo básico, insubstituível e inerente ao homem. A notícia a seguir prova isso: "Cientistas da Universidade de Oxford, na Inglaterra, liderados por Thomas Higham, divulgaram na semana passada que testes de radiocarbono aperfeiçoados determinaram que os ossos de animais descobertos junto às flautas têm entre 42 e 43 mil anos. Essa datação se aproxima do período em que os primeiros humanos anatomicamente modernos se espalharam pela Europa Central, ao que tudo indica, ao longo do vale do rio Danúbio." - Podemos dizer que a música nasceu junto com o homem

Falando em música, deparo-me com a notícia do vento como compositor. Os românticos e poetas reconhecem a tempos a autoria e coautoria do vento e suas variações em suas obras. Agora, a música finalmente abriu espaço e passou a reconhecer o Vento como o artista nato que é. Pierre Sauvageot criou uma orquestra de vento. O compositor francês estudou o vento, imagens de satélites e dedicou alguns anos de sua vida para criar a instalação "Campos Harmônicos", onde 500 instrumentos musicais foram posicionados numa colina em Cumbria, no noroeste da Inglaterra para que o vento pudesse "tocá-los". Incrível, né? Segue o vídeo (o link, para aqueles que não conseguirem visualizar e se deleitar com o vídeo: BBC Brasil):



Há música na alma, no ar, em tudo que seja ou represente vida.
Desafio recebido e anotado: está na minha agenda apresentar algumas letras para serem melodiadas pelos feras da música. Vou adorar a brincadeira, se vou!...

Algo mais valoroso em tudo isso: pisar no chão da madrugada do meu Rio, ressentir nosso cheiro, nossa gente, nossos bons e maus pincéis que nos fazem tão, tão... Cariocas! Não consigo reter algumas teimosas lágrimas que cismam em marcar presença a cada retorno, desde que me entendo como gente. É bom sentir em cada retorno o quanto eu amo meu chão, minha terra, minha gente, minha cultura, meu tudo. "Esse samba é só porque/Rio eu gosto de você!". Sim, gosto, Tom e Vinícius! E cuido, da maneira que posso e de acordo com o meu conhecimento do que posso fazer para que seja cada dia mais Rio de Janeiro.

Passarei agora às notícias políticas e, muito provavelmente, acabarei com uma indigestão ou ataque de diarréia, então... Até a próxima!

Bjs carinhosos
Elida

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