Tivesse uma Defesa do Consumidor, capaz de agir contra aqueles que os representam, os jovens estariam entrando com inúmeras ações exigindo os serviços que seus pais e familiares "compram" ao pagarem os impostos - caros e inúmeros.
Dilma mentiu ao dizer que não há dinheiro público envolvido e ofendeu gravemente a inteligência dos jovens revolucionários. Aliás, do início ao fim, o pronunciamento da presidenta foi uma série de bobagens políticas.
A Revolução dos jovens, #vemprarua, quer ação prática, não palavras. Eles sabem que não é para acreditar no que as autoridades dizem e prometem. Mais que nunca, os governos têm que apresentar ação efetiva para acalmar a população. Ainda que a Revolução cesse, o cessar será apenas momentâneo, prestes a eclodir novamente e mais forte, caso o Estado continue a ignorar os anseios e as necessidades da grande massa e da classe média. É a exigência resumida em uma expressão bem popular: "tô pagando!"
É um barril de pólvora, em que a violência policial vem dando mais fôlego à Revolução #vemprarua, com cada dia mais gente nas ruas.
Para saber sobre o nosso estado ou cidade, temos que procurar jornais
que não sejam do nosso estado e cidade. Para ler sobre o Brasil, temos
que ler os jornais internacionais. Esta parece ser a regra básica da
informação.
Com a Revolução, tenho lido alguns jornais brasileiros. Confesso estar abismada com a classe acadêmica social e política. Falam muito, usam palavras bonitas mas, no fundo, não dizem nada que chegue próximo à realidade. Fica a impressão que apenas estão repetindo o que leram em algum livro dos anos 50.
Simon Jenkins, em artigo publicado no The Guardian, é o mais direto ao mostrar o que está motivando os brasileiros que estão nas ruas.
Os jovens mostram revolta com o custo dos megaeventos esportivos e o que poderia ser feito de útil, caso as autoridades políticas tivessem gasto este dinheiro em benefícios para a população.
Simon Jenkins, do The Guardian, foi direto, ao expressar um dos pontos que contribuiu para a Revolução #vemprarua: "Brasileiros estão dizendo o que nós não dissemos: Não queremos custos extravagantes". Antenado com a sensação dos cidadãos de todas as partes do mundo, Simon dá voz ao que pensamos "Da Copa do Mundo ao G8, muitos países estão pagando um preço exorbitante para hospedar estas exposições inúteis."
A Copa do Mundo e das Olimpíadas estão previsto para custar aos brasileiros, aproximadamente, 80 bilhões de reais. Juntando a corrupção, a tendência é de que o valor ultrapasse 100 bilhões de reais.
São 100 bilhões de reais, que não serão aproveitados pela população: é dinheiro jogado no lixo.
São 100 bilhões que trariam melhorias significativas ao país, caso fosse aplicado a favor da população - a que está excluída dos eventos e que pagará a conta.
Simon Jenkins revela que o Brasil (Lula e Dilma) estão presos às oligarquias da FIFA e do COI, "cujas intenções são enganar e extorquir os brasileiros".
Num dado momento, Simon denuncia: "A Copa do Mundo é um escândalo em curso" e afirma que Sepp Blatter, da FIFA, saqueia o lucro obtido com a venda dos ingressos e televisão, aproveitando-se da histeria do futebol. E continua: "Depois de sangrar o erário brasileiro em bilhões para os novos estádios, ele tem o descaramento de pleitear com os manifestantes que "eles não deveriam usar o futebol para fazer suas reivindicações ouvidas". Por que não? Blatter usa o futebol para fazer suas reivindicações ouvidas." Fantástico!
As palavras de Simon ficam muito claras ao lembrarmos a abertura da Copa das Confederações, quando Blatter se meteu aonde não devia, pedindo "respeito e fair play". O pedido caiu como um sarcasmo, uma ironia, uma ofensa, uma bofetada ao brasileiro, fomentando a Revolução que estava se iniciando, principalmente contra a corrupçao e os gastos exorbitantes com a Copa.
A denúncia no The Guardian cita ainda, que as olimpíadas estão sendo vendidas pelo COI como agrado a líderes nacionais partidários, oferecendo "glórias" de ganho político. "São estádios sem finalidade, instalações luxuosas, segurança lunática e hospitalidade gratuita", orquestrado por construtoras e lobbies, trazendo a falência ao Rio de Janeiro, assim como aconteceu com Montreal, Atenas e outras cidades que sediaram as Olimpíadas.
Quanto ao "legado", Simon apresenta a realidade nua e cruel: não existe, é papo político para comprar a população. O esporte está sendo usado como comércio e meio para o enriquecimento ilícito da cúpula.
Nota minha: Será que isso explica a montanha de bobagens que Pelé e Ronaldo Fenômeno vem dizendo?
O artigo de Simon continua com as denúncias e finaliza parabenizando os brasileiros pela coragem que os ingleses não tiveram.
Link de referência: http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2013/jun/20/brazil-saying-dont-want-costly-olympics