Ainda não voltei

Devolveram-se o controle das minhas contas que estavam sob a tutela de terceiros. Readquiri o controle total há alguns dias (ou semanas?) mas a falta de tempo atrasou a notícia.

TCC pronto para a apresentação à banca na pós. E mais trabalhos, mais estudos, mais leituras, os projetos, as festas que estão chegando, algumas viagens ainda esse ano, as prazerosas trocas salivares etc. Gosto de ocupar meus dias com atividades úteis e agradáveis.

Segundo as estatísticas de média de vida dos brasileiros, tenho cerca de 20 anos para chegar onde eu quero. É pouco tempo para tanto, de modo a sobrar alguns anos para saborear o resultado. Não estou tão longe assim do que quero mas a construção é delicada.

O planejamento foi bem elaborado, as roldanas estão girando e os elos estão se formando. Por enquanto, tudo certo. Não fosse a parada forçada por causa da estupidez e futilidade humana de gente imbecil, minhas leituras estariam em dia e os relatórios dos projetos já teriam sido entregues.

Mamãe provou mais uma vez que está certa, porque lidar com gente que não presta é prejuízo na certa, ou na hora ou no futuro. No meu caso, a gente que não presta escolheu o futuro. O Zé Galhardo e a Maria Dada, conhecidos também como Produtora de Presidiário e Estagiário de Bangu I, andam recolhidos em suas insignificâncias.

É muito bom ser mimada por Deus ou Deusa ou seja lá como designem a força maior que move o Universo. É muito bom também saber que minha cabeça serve para algo mais do que suporte de cabelo e porta-chapéu.

A todos os amigos e leitores, faço votos de que a energia que envolve o Natal traga renovação ao espírito para que possam gozar de um 2014 positivo, pleno e feliz.

bjs


A democracia

Distorções têm sido cometidas em notícias e comentários e, por este motivo, vi a necessidade de colocar os devidos pontos nos ís.

Autocracia: Governo exercido por um monarca que tem poder absoluto ilimitado.
Autocrata: Cujo poder não depende de nenhum outro. Chefe de autocracia.

Mérito: Valor ou consideração em que a pessoa é tida por suas qualidades morais e intelectuais e por suas ações; merecimento. 2. Aptidão, capacidade, talento.
Meritório: Que tem merecimento; que é digno de mérito ou louvor; louvável; ações meritórias.

Não encontrei meritocracia no dicionário da Academia Brasileira de Letras. Por dedução, pode ser definida como: Governo exercido por pessoa que tem mérito.

Há dois detalhes sobre os quais quero chamar a atenção:

1) A desvalorização da meritocracia

Tenho visto muitos manifestos menosprezando a meritocracia. Cada um tem o direito de tomar uma posição e expressar sua opinião. A dúvida é: Tirando a mérito, qual será a característica utilizada para a promoção profissional e para a sucessão? É preciso refletir sobre o assunto, visto que, sem o mérito restam:

a) a indicação pessoal;
b) a hierarquia natural;
c) a votação e;
d) o aleatório (incluo aqui o sorteio e qualquer outra forma de seleção).

Ao adotar posicionamento contrário à meritocracia, torna-se necessário apontar o método de seleção que deve ser adotado.

2) A democracia

Democracia: Forma de governo na qual o povo exerce a soberania, através de seus representantes eleitos por votação.
Democrata: Que professa os princípios democráticos.
Soberania: Autonomia.
Soberano: Que exerce o poder com autoridade máxima.

Autocracia: Governo exercido por um monarca que tem poder absoluto ilimitado.
Autocrata: Cujo poder não depende de nenhum outro. Chefe de autocracia.

1) Segundo o dicionário, a democracia é o poder exercido pelo povo, o povo é a autoridade máxima.
2) Segundo as casas legislativas brasileiras, a democracia se resume no direito de votar. O que é feito antes e depois do voto não é democracia. O povo não tem o direito de ser soberano porque é o eleito que decide, autocraticamente, o que será definido.
3) Segundo as Ciências Políticas, a democracia é qualquer forma de governo onde ocorre o exercício de poder sobre a sociedade.

Comparando as três definições, identifica-se o conflito entre a do dicionário, que é a que aprendemos nas instituições educacionais; e as outras duas definições.

Nas casas legislativas, o povo perde o direito à sua soberania porque é o eleito quem decide, autocraticamente, o que será definido. Não há consulta à sociedade e quando há, a sociedade não é atendida em seus clamores cruciais. Um exemplo gritante é a Ficha Limpa capenga, pois, Paulo Maluf, criminoso procurado pela Polícia Federal e pelo FBI, é titular em várias Comissões na Câmara dos Deputados, entre as quais - pasmem -, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. É também membro suplente da Comissão de Finanças e Tributação.

Polícia Federal e FBI estão fazendo vista grossa, pois o deputado tem se mantido ativo na Câmara, tendo sua última presença sido registrada no dia 23/10/2013, conforme pode ser comprovado em <http://www.camara.gov.br/internet/deputado/RelVotacoes.asp?nuLegislatura=54&nuMatricula=373&dtInicio=01/01/2013&dtFim=26/10/2013>.

Ciências Políticas distorcem a democracia, colocando-a em favor dos representantes e não dos representados, a partir do momento em que a configura como "poder sobre a sociedade". Ao colocar o poder nas mãos do represente, cria-se o autocrata, em detrimento do democrata. A "soberania do povo" da democracia, transforma-se em "soberania em defesa dos próprios interesses". É o que temos visto nos últimos anos, que se agravou nos últimos mandatos do Congresso.

O conflito criou uma discrepância entre políticos e povo, tão grande e de tal forma, que rachou o conceito de poder sobre a sociedade. A sociedade descobriu, ainda que timidamente, que o poder está nas mãos dela.

Para manter o poder sobre a sociedade governantes e casas legislativas têm promovido abusos contra a sociedade. Os abusos vêm em forma de:
  • Violência policial: É sabido que policiais militares perdem a capacidade de fazer uso de inteligência e sensatez próprias. O treinamento cuida de anular o raciocínio e a lógica deste indivíduo, que passa a atuar em proveito particular do eleito e em detrimento das causas sociais, na qual os próprios policiais se enquadram;
  • Leis ditatoriais: O Plano de cargos e salários dos professores, imposto por Eduardo Paes e pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, é um bom exemplo;
  • Paliativos de bexiga: São ações que têm por objetivo mostrar que algo vem sendo feito, sem nenhuma definição efetiva. É uma satisfação à sociedade, com causa justa mas sem consequências positivas. Usualmente, são debates e estudos em assuntos que já foram debatidos, estudados e denunciados e que duram mais de dez anos para, no fim, retornar ao ponto zero e definir o que está em pauta da forma que bem entender, ignorando os debates e estudos. A última justificativa para os paliativos de bexiga é ouvir a sociedade, que vêm gritando e exigindo há anos, o atendimento de qualidade ao cidadão que, afinal, paga pesados impostos para tal. Ou seja, a sociedade fala, pede, exige, reclama e grita constantemente as suas necessidades mas os representantes, para retardar a solução e não perder o poder sobre a sociedade, criam esses debates e os prolongam ao máximo possível para dar uma aparência de algo vem sendo feito. É como acontece com a infinidade de recursos que advogados costumam utilizar no Judiciário.
Vê-se que o quê se aprende nas escolas não é aplicado na vida prática. Não é de surpreender que manifestações e revoltas surjam em momentos ferventes do diário de uma nação que se diz democrática.

É comum, em períodos próximos às eleições, os governos fazerem propagandas fantasiosas sobre a situação real, o que ofende o cidadão. Os últimos estopins foram o gasto soberbo com a Copa e Olimpíadas, em confronto com as injustiças sociais que ambos os planejamentos vem promovendo (retiradas de famílias etc.) e com a grave deficiência dos sistemas de saúde, educação e transportes. A distorção do olhar dos representantes, que obedecem cegamente às exigências de FIFA e COI - gente de fora -, mas não demonstram a mesma preocupação com os de casa.

Resta os representantes e cientistas políticos alterarem o "poder sobre a sociedade" para o "poder da sociedade", para que o diário histórico de uma nação, que se diz democrática, possa transcorrer pacificamente - com justiça à soberania do povo que representa.